sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Pelo romantismo que te destituí de ter
perdi a pouca esperança de surpreender-me.

Pelo romântico que te roubei de ser
desisti da possibilidade de te ver como não vejo.

Por isso que fiz e não devia
me poupei de expressar o óbvio
(eu que sempre expressei o óbvio!)

talvez seja melhor não deixar o óbvio tão nítido

porque a ilusão da surpresa
quando já absolutamente esperada
parece sempre melhor.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sucumbir ao amor é despencar para fora de si”

Eu achava que tínhamos nos apaixonado aos poucos,
entregado-no-mos aos poucos

- Mas eu catalisei a concretude quando te dei a outra face.

Despenquei em teus braços
à mercê de teus cuidados

Me entreguei por completo,
de uma vez por muitas
E tu me recebeste,
definitivamente.

Me rasguei diante de ti e te mostrei o meu Dentro
como quem pergunta: tens certeza?
E tu te incumbiste de beijar cada ferida.

Eu supliquei por carinho como quem o nega por medo
e tu não me decepcionaste –
afagaste minha alma e exaltaste meu corpo.

Te dei todo meu amor,
em todas as formas a que me pertence
E tu,
mais uma vez,
recebeste-o
de braços abertos
Ou de olhos fechados
para não me enxergares apunhalar-nos.

Hoje,
tento despencar menos para fora de mim
Tento abrir espaço oco
para te alojar,
Inteiro,

bem como te amo.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Quero beber das tuas lágrimas para alimentar minha torrente.
Poderia me reidratar com o que tu expeles em jorro lacrimal.
Usar o teu pranto para fabricar o meu
e te expulsar em choro convulso,
depois te beber de novo,
expulsar,
conter.
Antropofagir-nos,
fundir o resto de cada um,
o resto comum,
que é tudo lágrimas,
e fazer delas mais outras,
em ciclo.
Se meu corpo não mais dispõe de líquido,
me empresto do teu,
derramado face a baixo,
face a dentro da minha,
e te devolvo - toma, bebe, pega
me toma nos braços,
me engole em goles.
Dou-me a ti,
fazes de mim o que quiseres, desde que não queiras farrapos -
mas se forem farrapos pra te envolver,
despedaça-me que eu rodeio teu corpo miúdo, encolhido, desnudo.
Te abraço com os mil braços que não tenho.

Se o que nos une é o resto,
quero dividir até esgotar.
Eternizar o fim até que se esvaia.
A fusão em um, dois, em quantos que somos.
Incontáveis, imensuráveis,
minúsculos em solidão.
Murchos em vazio.

Arrancaram -
arrancou-se de mim
o maior espaço cheio que tinha
A maior coisa do meu cotidiano
em matéria,
pensamento,
Posta em memória
Em saudade,
dor.

e dói.


domingo, 22 de setembro de 2013

esse rio pulsante
que corre sob minha pele
que brota sobre minha pele
ácido
quente
salgado

que abastece meus dedos
minhas pontas
certos pontos interessantes

e que se mantém.

inconstante
em presença certa
inesperada.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Pudera eu,
marinheira de lagos,
Navegar em minhas lágrimas
de encontro ao passado.

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Vagos vagões
correndo em plasma inquieto

Borrões ligeiros

ligeiramente nítidos

Perdidos
num instante rápido:

ideias insones.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Hoje acordei
de um pesadelo
Na ânsia de te ter
e te quis pelo dia inteiro

Tu-vontade
me acompanhou
Do despertar
Ao adormecer.

terça-feira, 9 de julho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Choras o triste choro do olhar vago.

Não soluças.

Tens o pranto da alma
suprimido
pelo oco
que te transborda

dos olhos
em gota única

constante
e breve.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Teu rosto colado no meu

Teus olhos estreitos
Assim como teu corpo todo
atentos aos meus

Tua boca
Não chama minha boca

Teu rosto e cabeça chamam minha boca

E meus lábios imploram por carinho

Não por recebê-lo
Mas por distribuí-lo
uniformemente
Por cada centímetro
Da tua face
doce

Meus braços envolvem teu corpo

Não te puxam pra mim
Mas te mantém junto

Teu olhar
Sussurra dentro de mim
"Te amo
Te quero
Te quero perto"

Uma lágrima escorre
leve.

Contento-me com a imagem
Enquanto o sono não vem.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Frágil,
acuada,
dócil.

Mas não me provoque!
Pois nem eu sei quem pode despertar

O dia em que não existi

Poderia ficar parada, reta, imóvel, e simplesmente despencar pro lado. Que caísse, batesse a cabeça, sangrasse, morresse - já não mais existia e já mais nada sentia.
Saí para dar uma volta, uma espairecida, esfriar a cabeça. Liguei praquele que sabia que me entenderia, ouviria, ajudaria. Esperei por ele em uma livraria. Vou ler algo com que me identifique neste momento, pensei. Não encontrei nada. O inexistente não se identifica com nada.
Caminhava devagar, travada, sem equilíbrio. Era como se meu corpo quisesse ficar parado e pedisse, por favor, não tenho forças para andar e não sei se resistirei a mais passos. Me movia por reflexo, por um impulso desimportante.
À minha volta, todos pareciam, se não felizes, ao menos bem. E eu, na minha dor, na minha inexistência, no vagar vazio de um corpo oco.
Ninguém me enxergava.

domingo, 19 de maio de 2013

e eu
que me via tao grande
e forte
e livre,
tão mulher

me vejo apequenada dentro do teu abraço.

me vejo sozinha
frágil
esquecida,
tão menina
sem os teus cuidados.

me enxergo feia quando não sob teus olhos
me dou por perdida se não seguindo teus passos

eu,
logo eu
entregue não só à minha instabilidade
mas à inconstância da nossa existência

imersa
não só nas minhas próprias incertezas
mas em toda incerteza que uma cumplicidade comporta

e o alicerce da minha calma
acaba por ser
o frenesi em si




Sou mil em uma.

Pra me aguentar
tem que ser,
pelo menos,
muitos em um.

Entediar-te não vou.
Confundir-te,
talvez.

Se reinvento-me,
Redescobre-me.


domingo, 12 de maio de 2013

Ideias amorfas golpeiam minha cabeça.

Cravejam,
sem dó,
de sementes estéreis minha caixa preta de escuridão perdida
cortada por flashes.

Tento anotar algumas delas,
mas nem todas formam frases.

Escrevo mesmo assim,
desconexamente
uma cusparada de ideias aleijadas.

Me frustro,
Desisto.

Apago a luz
                   [Mas apagar a luz não desliga o pensamento.
Quero gozar do descanso eterno dos desocupados

Dividindo uma cama
uma canga
um pedaço de chão

Com pedaço de teto
ou não

Com motivo, desculpa,
ou não

Fazer de todo dia
a exceção.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Não preciso adormecer para ir além
Acordada, vôo alto

É na noite que sou arremessada para baixo.

De dia,
minha mente desliga do mundo e flutua sonho a dentro

Perco a parada
Perco as idéias
Perco a pose.

Sonho tanto acordada
Que meu sono se reserva aos pesadelos.
O mal-sentir se fez físico.
Virou mal-estar.

Dor na barriga, enjôo.
Depois foram as pernas.
Que pernas? Pois é,
Não as sentia.

Não tremia, como já tremi
Mas amoleci.

A dureza na face, perdida,
vaga
E a impotência das pernas.
Assim como minha mão,
agora.

Tremo, praticamente.
A sinto mole.
Não como as pernas - porque a sinto.

Na hora, se estivesse de pé,
cairia.
Quando levantei,
temi que minhas comapnheiras não me suportassem
Como que cedendo à face sobrecarregada.

A face não sucumbiu
As pernas, sim.
Invades meus pensamentos
Rastejas sob minha pele
Te alojas no âmago do meu íntimo

E me despertas
do quase sono
do quase tédio
do quase ócio.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Quando te viras de lado, o rosto e cabeça
O teu maxilar saliente, sob a barba desfeita
Quando comprimes os lábios
na busca daquilo que te exige um esforço
Aí eu vejo meu Homem. 

Meu Homem se mostra quando repreende-me na noite alcoólica
Por medo de mim pra mim mesma

Meu Homem não morre mas adormece. 

Pro despertar do menino doce, às vezes frágil
Ou do moleque que desestabiliza os apaixonamentos

Se não fosse a renascença sempre certa
Do meu Homem
Eu não sei o que seria da minha menina.

Problema Interno

O vômito
A tosse
O gozo

O apogeu do engasgo
A concretização do espasmo

Nem sempre bem-vindo 
Nem sempre lírico.